“Elvis Presley era punk, Jim Morrison era punk. Teve muita gente que foi punk e não tinha nada a ver com o estilo do cabelo ou coisa assim. Tem mais a ver com a rebeldia." - Joey Ramone, 1994

sábado, 3 de abril de 2010

O que é ser Punk ?

por Caio Pantarotto

Pode ser definido como um movimento cultural de luta pela liberdade de expressão e comportamento.

O princípio de autonomia do faça-você-mesmo, o interesse pela aparência tosca e agressiva, a simplicidade, o sarcasmo niilista e a subversão são características da cultura punk.

Os elementos da cultura punk podem ser encontrados na música, moda, artes plásticas, cinema, poesia, comportamento, expressões linguísticas, símbolos e outros códigos de comunicação. 

O Punk se mostra com o visual fugindo dos padrões que a sociedade impõe através do que está na moda, mostrando sua revolta pelo corte de cabelo à moicano (ou cabelos espetados) coloridos, roupas velhas surradas (em oposição ao consumismo), jaquetas arrebitadas com frases de indignação às injustiças do estado repressor e a atitude subversiva.

"Punk Not Dead". O movimento Punk nunca vai morrer. Significa o auge da rebeldia de um adolescente  e atende a todas as vontades dos jovens.
O punk é um movimento sócio-cultural, ele é a revolta dos jovens da classe menos privilegiada, transportada por meio da música” disse Clemente, vocalista da banda Inocentes

História - O Início

por Caio Pantarotto

A cultura punk surgiu em meados dos anos 70, na Inglaterra. O mundo passava por um período muito difícil da Guerra Fria e a Europa se encontrava num período pós guerra. O movimento Punk tornou-se uma forma de protesto contra a crescente onda de desemprego.

Os jovens marginalizados pela sociedade queriam contestar contra o sistema, queriam mostrar para toda sociedade seu modo agressivo de agir e de se vestir.

Os jovens punks criticavam o governo, a educação, os políticos, os impostos, enfim tudo o que a sociedade pregava como certo. Manifestavam a sua rebeldia contra a hipocrisia, os privilégios, a sociedade conformista e as desigualdades sociais Acreditavam que a anarquia era a solução para a libertação das pessoas.

Uma de suas formas de protestos é através da música, com um som simples e direto com letras de temas políticos demonstrando sua angústia, seu sentimento, seu repúdio e emoção.

Música: Punk Rock

por Caio Pantarotto

Uma das características mais marcantes da cultura Punk é a música.

Desde o início do movimento punk, a música teve um estilo de contestação, as letras eram mais curtas do que as convencionais, eram letras rebeldes e sarcásticas, podendo ou não ter temas políticos.

O som punk é caracterizado por músicas de poucos acordes e com letras da realidade de jovens pobres desempregados e sem futuro. Criticam o governo, a educação, os políticos, os impostos, a pobreza, o desemprego e a falta de perspectiva.

O início do movimento punk na música se deu no final dos anos 60 e início dos anos 70 em Nova Iorque com o Rock Underground e  seu maior representante foi a banda "New York Dolls". Essa banda tinha como empresário Malcon McLaren, com o fim da banda voltou para Londres e montou os Sex Pistols com músicos não profissionais que freqüentavam sua loja de discos. Malcon se tornou o principal articulador do movimento punk. Antes de empresariar o Sex Pistols, mantinha, em Londres, a loja Let It Rock, junto com Vivienne Westwood. Logo depois, a loja passou a se chamar Too Fast To Live Too Young to Die e, um pouco mais pra frente, assumiu o nome SEX, com a qual ficou realmente famosa.

No final de 1976 bandas como Ramones, em Nova Iorque e Sex Pistols e The Clash em Londres deu-se o início ao movimento que hoje conhecemos como Punk Rock. Pela primeira vez alguém tinha coragem de ser tão agressivo ao governo inglês em público e as bandas rapidamente foram adotadas como símbolo da insatisfação social e crítica ao regime. Os Sex Pistols são considerados a locomotiva do movimento punk.

No ano seguinte o Punk Rock se espalha  pelo mundo e se torna o maior fenômeno cultural do Reino Unido.

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Breaking News

No dia 8/4/2010, pouco antes de publicar esse blog morreu em Nova York aos 64 anos, Malcon McLaren, 'o pai do punk'.

Hardcore: A Segunda Onda do Punk Rock

por Caio Pantarotto

Pode-se dizer que até 1980, foi a primeira fase do punk, a música teve uma característica de rock and roll básico e rústico. As raízes e a essência da rebeldia juvenil, a insatisfação com o sistema e com a sociedade em geral continuava a ser característica desta fase. O punk representou a revolução do subúrbio. Uma revolução urbana de contestação ao poder decadente do Império Britânico e dos valores imperialistas. Um anárquico movimento que se espalhou pelo mundo como um vírus.

Nesse período nos Estados Unidos, mais precisamente no sul da Califórnia  surge um novo estilo de música punk, o hardcore, uma música super rápida, com batidas agressivas, vocais estridentes e sempre com letras de conteúdo político. Os "Dead Kennedys" com "Holiday in Camboia" representam bem esse movimento.  (clique aqui para escutar)

No Brasil as bandas pioneiras, surgidas por volta de 1980, foram Condutores de Cadáver, Pânico, 365, Inocentes, Ratos de Porão, Cólera, Excomungados, Lobotomia, etc.

Nos mesmos 80, começo dos 90, surge a frase. Punk is dead! (titulo da música do grupo punk Crass)

Punk is Dead (Crass)

Linha do Tempo da Música Punk

Moda Punk

por Guilherme Feltre

A moda punk não se limita apenas a forma de se vestir mas também os penteados (cortes moicanos e muito tingimento), maquiagem (pesada abusando do preto), joias, tatuagens e pirecings.

A moda punk além de grande influencia nos seguidores do movimento também influenciou a moda como um todo. Saiu do nicho do Movimento e seguiu um caminho mais comercial Casacos com rebites, por exemplo, hoje são comum em várias coleções.

Estilistas famosos como Jean Paul Gaultier sofreram essa influencia e já utilizaram elementos do Movimento em suas coleções (foto).

Vivienne Westwood referencia no mundo da moda é considerada a pioneira da moda punk já que começou sua carreira de estilista como sócia da loja do lendário Malcon McLaren, em Londres. E posteriormente como estilista dos Sex Pistols.

Um Punk disse

"O punk é racional, passional, emocional, visceral, hetero/homo/bissexual, punksexual, e pasmém, pansexual... Amem ou Odeiem, mas sintam o PUNK!!!"

Literatura Punk

por Rafael Galvão

A literatura Punk nasceu junto ao seu movimento social onde, escritores e até mesmos os Punks começaram a escrever expressando suas ideias e feitos, como um registro para não  deixarem apagar esse movimento que ganhou repercussão mundial através das décadas.
Um livro que explica bem essa “literatura punk” é o livro: Punk: Anarquia Planetária e a Cena Brasileira, livro do jornalista Sergio Essinger. Essinger tenta explicar o movimento através de músicos e bandas ligadas ao movimento, isso mostra como os Punks não são apenas os “caras maus” que vemos na rua, mais sim uma forma de se expressarem, com seus trajes, músicas e movimentações populares, que muitos acham estranho por não entenderem o movimento.

Outros livros sobre os “Punk” são:

Recomendamos

Recomendamos o livro de Craig O’hara, “A Filosofia do Punk – Mais que Barulho”

Em recente entrevista ele definiu o movimento:
"Eu não penso o punk como um movimento violento. Talvez o visual diferente, a música rápida e alta, a raiva e o sarcasmo das letras e a honestidade nua e crua do punk sejam coisas com as quais a mídia do `politicamente correto` tenha dificuldade em lidar. O punk nunca foi um lugar para pessoas bem comportadas e de moral puritana. Se você pega uma postura radicalmente contrária ao governo, aos racistas, aos policiais, às autoridades em geral, soma isso à ácida crítica que os punks fazem à maçante cultura pop e coloca ainda a volúpia da mídia em retratar o movimento como algo raivoso e assustador, pode ser que isso cause a errada impressão de que nós sejamos violentos. Para aqueles que, de certa forma, defendem a cultura de massa e o status quo que nos empurram goela abaixo, os punks, com a sua honestidade e a sua rejeição às autoridades, representam certamente uma ameaça."

Foto Poema Punk (Latuff-2001)


Esconder?
Esconder o que?
Esconder-se de quem?

Não nos escondemos.
Nos mostramos.
Demonstramos.
Aqui estamos!

Taqui a tatuagem,
que adorna a minha pele,
O metal do cinto e da pulseira.
Um patch, e outro, e mais outro,
Minhas calças estão cheias deles.

Não me escondo, me mostro.
Pra quem quer ou não quer ver.
Você não quer? Não? Sabe porque?
Eu te faço lembrar de sua apatia.
Eu te incomodo...ótimo!

Esconder?
Sim, a gente esconde sim.
Eu tenho um piercing
atravessado na língua,
e ela também.
Eu o escondo em sua boca,
e ela na minha.

Mas o nosso tesão
a gente não esconde nunca...

Tesão e indignação a gente mostra!

Cinema

por Guilherme Simão

Alguns filmes sobre o Movimento Punk:


Blank Generation (1979) - O filme da uma ideia do que era a cena Punk em Nova Iorque no auge da Blank Generation, da cena do CBGB e tudo mais. Além de Richard Hell e Marky Ramone o filme tem a participação do artista Andy Wahrol.


Rude Boy (1980) - Mostra a história de um garoto fã do Clash politicamente ativista. Cenas reais, ficção. Tudo se mistura nesse filme, que é o mais importante documentário sobre o The Clash.

SLC Punk! (1999) - Esse é um filme realmente legal de assistir, narra a história de um jovem Punk Anarquista em meados de 1980, onde a maioria dos personagens do filme são punks.


Comportamento

por Guilherme Feltre

A cultura punk desde sempre teve ideias apartidárias e a liberdade para acreditar ou não acreditar na religião. Mas seu caráter foi modificando ao longo do tempo. Ocorreram mudanças de todas as formas em diversos países, dando ao movimento punk uma cara semelhante, porém particularizada em cada país.

Por ter ideias semelhantes ao anarquismo, punks e anarquismos passaram a colaborar entre si. Com o passar do tempo existiram diversos punks que eram realmente anarquistas, e depois surgiu o anarcopunk que ganhou um novo rumo, em discursos e ações mais ativas, opondo se a mídia, ao estado, as instituições religiosas e as grandes corporações capitalistas.

Na maioria dos movimentos populares, os Punks tem quase tantas faces como o número de adeptos, e em geral sustentam características como, antimachismo, anti-homofobia, antifascismo, amor livre, antilideranças, liberdade individual e autodidatismo.

Existem vários tipos de subdivisões no movimento como o “streetpunk” caracterizado pelo relacionamento de punks e skinheads, ou o “straight edge” que se autodenominam "livres de drogas" não fazendo uso de nenhuma substância que altere o humor, incluindo o álcool e a nicotina.

Personalidade Punk

por Fausto Vaz Guimarães

O Punk possui um visual que foge dos padrões normais estabelecidos pela sociedade.

O corte de cabelo colorido, roupas velhas surradas, jaquetas arrebitadas com frases de indignação às injustiças feitas por um Estado repressor da sociedade é assim que se mostra o Punk.

Esse movimento não ficou calado como a maioria dos jovens e o povo em geral. Fizeram panfletagem, boicotes, passeatas, mostrando sua cultura e seu desprezo à todas as formas de nazismo, racismo, autoritarismo, sexismo e comando. Viram a solução na auto-gestão (anarquismo) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres.

O Punk mostrou sua cultura anti-capitalista através dos fanzines (jornal político alternativo), através da música harcore, com som simples e direto e através de seu comportamento livre e objetivo, fazendo com que o Punk NÃO SEJA MODA, e sim um modo de vida e pensamento.

O Punk não é bagunça, muito pelo contrário, é um movimento cultural de luta e ação direta de liberdade de expressão e de comportamento.

Movimento no Brasil

por Caio Pantarotto

No final dos anos 70, o movimento estava no Brasil limitado a gangues de adolescentes que imitavam o movimento punk inglês. Devido ao fim da ditadura militar no Brasil, o movimento Punk chegou aqui nos meados dos anos 80. Só se falava na abertura política e a liberdade parecia ter chegado para ficar, o país ganhou maior liberdade de manifestação.


Em 1982, o Brasil tomaria contato com o lançamento do primeiro disco Punk: Grito Suburbano que reunia grupos como Cólera, Olho Seco e Inocentes.


O movimento punk brasileiro se desenvolveu muito nas periferias das grandes cidades onde se tornou uma alternativa para estes jovens se expressarem. Na música temos um discurso anti-governo, o apelo ao confronto, o protesto contra a miséria, fazendo com que se identifiquem e passem a participar ativamente do movimento.

Atualmente no Brasil o movimento não está seguindo a ideologia e estão utilizando da estética Punk para cometer atos de vandalismo e crimes.

Tomara que o movimento punk brasileiro busque uma nova identidade, e seus integrantes não devem esquecer do conjunto de idéias que fez parte da primeira fase do movimento: a critica social, ao capitalismo e à sociedade de consumo.

Frase: Chico Buarque

“Se o punk é o lixo, a miséria e a  violêcia, então não precisamos importá-lo da Europa, pois já somos a  vanguarda do punk em todo mundo”

Remanescentes do Punk

por Caio Pantarotto

Estamos encerrando o nosso blog, e para isso vamos fazer um breve post de como esse Movimento Punk nos influencia hoje, afinal o motivo de estudarmos a história é descobrir como ela está presente em mim, em você, e em toda a nossa sociedade.

Bom, para começar, podemos lhe assegurar que ainda existem remanescentes Punk nos dias atuais, talvez não pelo cabelo ou pela roupa, como se viam nos primórdios do movimento, mas sim pela atitude, característica fundamental para distinguir um Punk, e foi fuçando na Net que encontramos a seguinte frase de Billie Joe Armstrong (vocalista do Green Day):
“Um cara chega em mim e fala ‘O que é Punk?’. 
Então, eu chuto e derrubo uma lata de lixo e digo ‘Isto é punk!’.
Então, ele chuta a mesma lata e diz ‘Isto é Punk?’, e eu digo ‘Não isto é modinha!’"

Ao longo desses vinte anos de história, muitas vozes dissonantes tomaram força dentro do movimento: as mulheres em produções de teor feminista, os vegetarianos straigth-edge, e até os homossexuais fazendo o chamado de homocore. Mas o que se questiona a respeito da diversidade desses grupos é se isso não enfraquece o movimento. 

Bom, podemos perceber que já não vemos cabelos moicanos e roupas de couro, e essa característica de difusão ocorreu principalmente na música, onde existem dezenas de estilos que surgiram do Punk, cada uma trazendo um pouco do "ser Punk" consigo, mas todas mantendo o principal motivo do Movimento, que diz respeito à atitude, ao comportamento. E é com esse mesmo pensamento que ficamos chateados ao ver grupos Neo-nazistas com cabelos em pé matando pessoas, se dizendo punks, quando afinal não há nada de violência nesse movimento, pelo contrario, ele reprime o racismo.

Concluindo, talvez não vejamos a Punk andando na rua como aquele visual clássico muitas vezes apresentado em filmes, mas ele está presente na nossa vida, e tem nos afetado de alguma forma.

Obrigado a todos pela vista e esperamos que tenham gostado,

Abraços Grupo Punk

"Punk is Not Dead"